sábado, 24 de novembro de 2007

Paris, te Amo (filme)

Antes de ver este filme, achei que ele seria uma espécie de "Simplesmente Amor" só que em Paris. Sim, imaginei que a pieguice dominaria a cena, mas "Simplesmente Amor" é muitíssimo engraçado e bom. Se este fosse parecido, seria ótimo.

Bem, não tem nada a ver.

O filme tem umas 15 historinhas de uns 5 minutos cada uma. Um diretor(a) diferente comanda cada cena. E as cenas em si são das mais variadas, com vários temas ligados a "amor", nem sempre piegas demais e quase nunca com a intenção de ser ENGRAÇADO, apenas no máximo "engraçadinho", ou ás vezes triste mesmo.

No final, é um filme "cult", que aspira falar de 'amor em tempos de globalização' e consegue mesmo só me lembrar o porquê de filmes "cult" terem como característica principal o fato de que ninguém os assiste.

Vamos falar primeiro do lado bom: algumas das historinhas do filme são ótimas. As do Walter Salles e Alfonso Cuáron por exemplo são bem legais. Além disto, algumas das histórias tem bons atores nelas: Maggie Gylenhaal, Nick Nolte, Fanny Ardant, Natalie Portman, etc.
Mas para chegar a elas você tem que passar pelas outras várias historinhas escritas por hippies anti-americanos. Isso inclui, entre outras, a história do romance dos dois Africanos pobres em Paris e também a história que defende a moral de que "mulheres muçulmanas com véus são lindas e aculturadas e se você prefere elas peladas você é um porco chauvinista e misógino" .

Mas para mim o trágico é o filme ser em Paris.
Não vasculhei 100% do elenco de diretores, mas no que eu vi haviam diretores brasileiros, estadunidenses, africanos, australianos, e só um ou dois franceses. Eles definitivamente são minoria nesta lista.
O elenco tem franceses, sim. Mas eles também são minoria, um ou dois aqui e acolá.
Praticamente todas as história tem personagens 'globalizados', ou seja, de todo canto e cultura do mundo. Parisiense nativo que é bom, quase nada.

Ou seja, no fim das contas este filme podia muito bem ser "Liubliana, te amo!", mas escolheram Paris. Obviamente não acharam que a capital da Eslovênia (Liubliana) tinha o mesmo apelo comercial de Paris.
Aparentemente não aprenderam com David Lynch: se quiser ser diferente, seja diferente MESMO.

Meu veredito final: eu provavelmente não seria nem um pouco ácido com este filme se, ao invés de um longa-metragem, ele fosse separado e distribuído como 15 curtas separados e pronto.

Petrus.


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sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Arte, para um mundo melhor.

Cito o alemão Alec Empire:
"Cresci em Berlim, depois da segunda guerra mundial. Achávamos que a sociedade alemã tinha se tornado nazista por causa da arte criada durante o período. Por isso acreditamos que precisamos criar uma nova arte que leve a um mundo melhor."

Quem é Alec Empire, você pergunta? Bem, é o alemão que fez esta contribuição para a arte e para um mundo melhor:



Temos futuro!

Petrus.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Eraserhead (filme)

Eraserhead (cabeça de apagador) é um filme surrealista de David Lynch.

Isso basicamente já resume bem o filme, não?
Se forem me perguntar, para mim o filme é uma metáfora sobre como as pessoas que nos rodeiam em nossas vidas complicam nossas vidas excessivamente, a ponto de que gostaríamos de jogar tudo para o ar e sermos livres, começar de novo, mas infleizmente não fazemos isso porque sabemos que é difícil e assustador.

Se acharem que eu viajei nessa, bem, vocês não viram Eraserhead. ISSO, sim, é uma viagem.

Enfim, recomendo este filme apenas para os velhos e bons fãs de cinema surrealista, que vão ter um prato cheio e lembrar bons tempos de Buñuel.

Não é recomendável ver este filme em um encontro romântico. Se a mocinha que lhe acompanhar aguentar ver o filme até a cena onde, no palco dentro do radiador da casa do Eraserhead, a loira com bochechas do fofão dança uma polca antiga enquanto pisa na sujeira do sangue dos fetos de aliens (ou mutantes, talvez) que estão espalhados no chão... eu acho que esta cena será a gota d'água!

Petrus.


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sábado, 17 de novembro de 2007

Café e Cigarros (filme)

Existem filmes que eu simplesmente PRECISO ver apenas devido a seus nomes. Café e Cigarros era um destes filmes.

Eu o assisti quando saiu no cinema. Foi responsável por minha única ida a um cinam na Av. Paulista, cujo nome esqueci mas que definitivamente merecia uma nova visita devido a sua boa localização e boa infra-estrutura. Isso foi, acho, que em 2004, talvez 2005. O filme em si é de 2003.

De qualquer forma, café e cigarros é um filme de Jim Jarmusch, o mesmo diretor de "Flores Partidas". O filme é filmado em preto & branco e tem no elenco nomes como Roberto Benigni, Iggy Pop, Cate Blanchett, Alfred Molina e Bill Murray, todos eles interpretando eles mesmos e cafeinados ao máximo.

O filme tem 9 histórias, todas elas envolvendo café e cigarros e nenhuma tendo nenhum sentido. Para quem aprecia um bom diálogo sem nexo, este filme se tornará um clássico.

Para quem não aprecia um diálogo sem nexo, o filme também inclui poucas cenas de ação e nenhuma historinha com alguma continuidade. Então você terá milhares de motivos para detestar o filme e largar seu(ua) namorado(a) que só quer ver filmes 'Cults'.

Mas mesmo para o maior detestador de filmes parados e em preto & branco, "Café e Cigarros" é um filme difícil de se odiar. Afinal tem Iggy Pop e Tom Waits no meio, e se você já bebeu café ou fumou um cigarro você terá alguma coisa a apreciar no filme, seu viciado.

Petrus.

PS: O DVD do filme (que recentemente tive em mãos e portanto me levou a escrever este post) inclui uma versão do filme no formato mp4, para que você o veja em seu Ipod ou similar em uma telinha minúscula e obviamente sem legendas. Interessante se você estiver em um ônibus viajando para Londrina ou coisa do tipo, e menos interessante em 90% de outras ocasiões. Talvez ele tenha sido colocado no DVD para frustrar pirateadores, que são levados a copiarem apenas a versão minúscula (que ocupa menos espaço) e alienar seus clientes no camelódromo. Espertos, hein?!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Ratatouille (filme)

Foi com uma certa incredulidade que eu via revista SET dar uma nota 10 perfeita a este filme de desenho animado. Sempre fui um apreciador das notas da SET e sempre as achei justas. Mas 10 para este filme de animação? Merece?

Tenho que dizer que, depois de ver este filme, acho que a nota é perfeitamente justa!

Não é exatamente um clássico nem um filme que vou querer ver várias e várias vezes no futuro, como outros meus favoritos. Mas é muito divertido e bem-feito, e não consigo pensar em nenhuma crítica a fazer sobre o filme.

Portanto fica a dica. Não digo que este filme é "Imperdível", mas digo que cai bem para ser visto a praticamente qualquer momento.

Guarde este para uma ocasião especial, em que quiser ver um filme com uma mocinha e não souber exatamente qual pegar na locadora para tal ocasião. "Ratatouille" é uma boa aposta.

Petrus.


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sábado, 10 de novembro de 2007

Quebra de Confiança (Breach) (filme)

Este filme, com Chris Cooper, Ryan Phillipe e Laura Linney, é muito bem feitinho e vale a pena ser assistido.

Tem uma história real de um espião, uma trama interessante e bem interligada, e atuações excelentes dos três atores ditos acima.

Ótimo filme para quem gosta de filmes de espiões.


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O Destino do Robocop.

Lembram do RoboCop? O policial-robô dos anos 80?

Bem, o ator que fez o dito cujo, Peter Weller, deixou de lado a carreira de ator e foi para a Itália estudar arte (ou arquitetura).

Hoje ele é professor universitário da matéria. Na Itália.

Deixar de ser o robocop e virar professor de arte... é deveras pós-moderno!

Petrus.


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domingo, 4 de novembro de 2007

A PADARIA DO PADEIRO PIRATA, POST 2

Durante suas muitas viagens, aquele padeiro pirata tinha aprendido diversas técnicas, de várias regiões, de se fazer café. Muitas das passagens de sua vida aquele homem não se recordava. Mas do café, ah, isto sim ele se recordava. Sempre. E como o café em si, produto de seus rituais, auxilia o pensar do ser humano, também o ritual que antecedia seu consumo auxiliava o pensar daquele ser humano em particular. Bastava o padeiro pirata re-fazer um cafezinho da mesma maneira a qual ele fez um café na ocasião que estava tentando lembrar, e ele logo se recordava de todo o acontecido.
E depois de pronto mais um bule de delicioso café à moda eslovena, o padeiro pirata recordou-se do ocorrido.
- Ah! Sim! Realmente, foi em Liubliana que eu, aquele cão croata e aquele pantagruélico palestino cruzamos nossos caminhos! Eu me lembro bem cruzávamos o rio Liubliânica, que corta a capital eslovena tal como um grande médico corta com seu bisturi a carne a ser operada, pelo dia e pela noite, zelosos para que nossas visões que, unidas, davam apenas uma e meia, não deixassem passar em branco quaisquer atividades deveras negras.
- Entendo, entendo, Alberto. Mas, antes de você continuar suas histórias passadas na Eslovênia, você pode me dar um pouco do café que você acaba de preparar?!
- Hora, hora, meu caro amigo, como atreve-se a interromper-me no meio de uma lição de vida tão importante quanto aquela que agora mesmo você iria escutar?
- Bem sabes, Alfredo, que quem vem à padaria procura ou café ou, os desajustados, pão. Deixe as lições de vida para a vida. E me dê o café.
- Bah! Sois impertinente! Saiba que só lhe partilho este café porque conheço-lhe de longa data, e sei que através desta barba mal-feita que lhe afigura o rosto já passaram diversas histórias devida a ponto de eclipsar a que eu estava prestes a lhe contar!
Na verdade Alfredo deixava seu cliente beber o café porque iria precisar dos cinqüenta centavos que ia lhe cobrar por ele.


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sexta-feira, 2 de novembro de 2007

A PADARIA DO PADEIRO PIRATA - PRÓLOGO

Chave na mão. Mais uma manhã se iniciava. Olhou para os céus.
Entre ele e o céu, o letreiro.

"Padaria".
...padaria.

- Padaria!
Disse. Gritando como sempre.
Padaria. Era o que o letreiro dizia. E ele que o tinha posto.
Que outro colocaria?! Haviam outras opções. “Cafeteria”, ele já pensara antes. Era óbvio! Isso exaltaria o café! O sagrado e miraculoso café!
Mas não, “cafeteria” não seria o melhor dos letreiros. Porque? Porque em sua mente, cafeterias eram lugares razoavelmente chiques. A cafeteria estaria para a padaria assim como o “pub” estaria para o bar. Se bem que obviamente os extremos eram outros. No pub, em sua mentes, iriam os yuppies, os tiozinhos, e os os aspirantes a tais vagas. No bar iriam os bêbados. Nada contra, é claro, tinha ele contra os yuppies, os tiozinhos, e os bêbados, visto que dos ele já tivera sido todos, com seus prós e contras. Tinha gostado em especial dos tempo de yuppie, porque os de bêbado eram cheios de ressaca. De qualquer forma, não, “cafeteria” significava para ele algo com um grau de chiqueza superior ao de sua “padaria”, e portanto a palavra trairia seu consciente ainda mais do que a “padaria” já o fazia.
Alguma outra palavra para o letreiro? Porque não “serraria”, ou “fábrica”, ou “martelinho de ouro”? Bem, porque o lugar era uma cafeteria ou talvez padaria, e nenhuma destas outras coisas.
- Oh, existência. Mais uma vez apregas-me esta peça do vocabulário da língua portuguesa. Sois cruel.
Parou e pensou.
- Existe o verbo “apregar”?!
Girou a chave e entrou.

Este era o pensamento do dia, o incrível verbo apregar.
Tudo bem, na verdade não era o do dia, era o do início da manhã. O dia era longo, sabe como é. Era o pensamento do dia até surgir outro para surrupiar seu lugar.
Foi à cozinha e apanhou sua chaleira favorita. Era hora de esquentar a água! Um ritual dos seus favoritos.
Depois de minutos, a água borbulhava. Ele sempre achava que a água ficava feliz em borbulhar. Era um prelúdio do seu futuro próximo, um belo futuro. Não sabia ele se a água tinha sentimentos ou não, mas sabia que alguém já tinha ganho um prêmio (IgNobel) por ter estudado a memória da água. E depois por ter estudado se a memória era binária.
- ZeroZeroZeroUmZeroUmUmUmZeroZeroZero – Disse ele à água. Imaginou se ela se lembraria disto. Ele já tinha esquecido – quantos zeros falei? E em que ordem intercalei-os com números um?
Enquanto seu ritual sagrado diário continuava, sua mente voava. Longe, como sempre, como não poderia deixar de ser. Depois de tudo o que tinha vivido, depois de tanto existir, menos não seria esperado, nem tolerado. Era ele, ele era, e se chamava...
- Bom dia!
O primeiro freguês do dia!
- Bom dia, meu caro. Como vai você?
- Muito bem, obrigado. Por favor, pra mó de dá um pá já de manhã, me vê um cafezinho; seu...
- Alberto.
- Alberto! Um cafezinho, Alberto!