Chave na mão. Mais uma manhã se iniciava. Olhou para os céus.
Entre ele e o céu, o letreiro.
"Padaria".
...padaria.
- Padaria!
Disse. Gritando como sempre.
Padaria. Era o que o letreiro dizia. E ele que o tinha posto.
Que outro colocaria?! Haviam outras opções. “Cafeteria”, ele já pensara antes. Era óbvio! Isso exaltaria o café! O sagrado e miraculoso café!
Mas não, “cafeteria” não seria o melhor dos letreiros. Porque? Porque em sua mente, cafeterias eram lugares razoavelmente chiques. A cafeteria estaria para a padaria assim como o “pub” estaria para o bar. Se bem que obviamente os extremos eram outros. No pub, em sua mentes, iriam os yuppies, os tiozinhos, e os os aspirantes a tais vagas. No bar iriam os bêbados. Nada contra, é claro, tinha ele contra os yuppies, os tiozinhos, e os bêbados, visto que dos ele já tivera sido todos, com seus prós e contras. Tinha gostado em especial dos tempo de yuppie, porque os de bêbado eram cheios de ressaca. De qualquer forma, não, “cafeteria” significava para ele algo com um grau de chiqueza superior ao de sua “padaria”, e portanto a palavra trairia seu consciente ainda mais do que a “padaria” já o fazia.
Alguma outra palavra para o letreiro? Porque não “serraria”, ou “fábrica”, ou “martelinho de ouro”? Bem, porque o lugar era uma cafeteria ou talvez padaria, e nenhuma destas outras coisas.
- Oh, existência. Mais uma vez apregas-me esta peça do vocabulário da língua portuguesa. Sois cruel.
Parou e pensou.
- Existe o verbo “apregar”?!
Girou a chave e entrou.
Este era o pensamento do dia, o incrível verbo apregar.
Tudo bem, na verdade não era o do dia, era o do início da manhã. O dia era longo, sabe como é. Era o pensamento do dia até surgir outro para surrupiar seu lugar.
Foi à cozinha e apanhou sua chaleira favorita. Era hora de esquentar a água! Um ritual dos seus favoritos.
Depois de minutos, a água borbulhava. Ele sempre achava que a água ficava feliz em borbulhar. Era um prelúdio do seu futuro próximo, um belo futuro. Não sabia ele se a água tinha sentimentos ou não, mas sabia que alguém já tinha ganho um prêmio (IgNobel) por ter estudado a memória da água. E depois por ter estudado se a memória era binária.
- ZeroZeroZeroUmZeroUmUmUmZeroZeroZero – Disse ele à água. Imaginou se ela se lembraria disto. Ele já tinha esquecido – quantos zeros falei? E em que ordem intercalei-os com números um?
Enquanto seu ritual sagrado diário continuava, sua mente voava. Longe, como sempre, como não poderia deixar de ser. Depois de tudo o que tinha vivido, depois de tanto existir, menos não seria esperado, nem tolerado. Era ele, ele era, e se chamava...
- Bom dia!
O primeiro freguês do dia!
- Bom dia, meu caro. Como vai você?
- Muito bem, obrigado. Por favor, pra mó de dá um pá já de manhã, me vê um cafezinho; seu...
- Alberto.
- Alberto! Um cafezinho, Alberto!
Entre ele e o céu, o letreiro.
"Padaria".
...padaria.
- Padaria!
Disse. Gritando como sempre.
Padaria. Era o que o letreiro dizia. E ele que o tinha posto.
Que outro colocaria?! Haviam outras opções. “Cafeteria”, ele já pensara antes. Era óbvio! Isso exaltaria o café! O sagrado e miraculoso café!
Mas não, “cafeteria” não seria o melhor dos letreiros. Porque? Porque em sua mente, cafeterias eram lugares razoavelmente chiques. A cafeteria estaria para a padaria assim como o “pub” estaria para o bar. Se bem que obviamente os extremos eram outros. No pub, em sua mentes, iriam os yuppies, os tiozinhos, e os os aspirantes a tais vagas. No bar iriam os bêbados. Nada contra, é claro, tinha ele contra os yuppies, os tiozinhos, e os bêbados, visto que dos ele já tivera sido todos, com seus prós e contras. Tinha gostado em especial dos tempo de yuppie, porque os de bêbado eram cheios de ressaca. De qualquer forma, não, “cafeteria” significava para ele algo com um grau de chiqueza superior ao de sua “padaria”, e portanto a palavra trairia seu consciente ainda mais do que a “padaria” já o fazia.
Alguma outra palavra para o letreiro? Porque não “serraria”, ou “fábrica”, ou “martelinho de ouro”? Bem, porque o lugar era uma cafeteria ou talvez padaria, e nenhuma destas outras coisas.
- Oh, existência. Mais uma vez apregas-me esta peça do vocabulário da língua portuguesa. Sois cruel.
Parou e pensou.
- Existe o verbo “apregar”?!
Girou a chave e entrou.
Este era o pensamento do dia, o incrível verbo apregar.
Tudo bem, na verdade não era o do dia, era o do início da manhã. O dia era longo, sabe como é. Era o pensamento do dia até surgir outro para surrupiar seu lugar.
Foi à cozinha e apanhou sua chaleira favorita. Era hora de esquentar a água! Um ritual dos seus favoritos.
Depois de minutos, a água borbulhava. Ele sempre achava que a água ficava feliz em borbulhar. Era um prelúdio do seu futuro próximo, um belo futuro. Não sabia ele se a água tinha sentimentos ou não, mas sabia que alguém já tinha ganho um prêmio (IgNobel) por ter estudado a memória da água. E depois por ter estudado se a memória era binária.
- ZeroZeroZeroUmZeroUmUmUmZeroZeroZero – Disse ele à água. Imaginou se ela se lembraria disto. Ele já tinha esquecido – quantos zeros falei? E em que ordem intercalei-os com números um?
Enquanto seu ritual sagrado diário continuava, sua mente voava. Longe, como sempre, como não poderia deixar de ser. Depois de tudo o que tinha vivido, depois de tanto existir, menos não seria esperado, nem tolerado. Era ele, ele era, e se chamava...
- Bom dia!
O primeiro freguês do dia!
- Bom dia, meu caro. Como vai você?
- Muito bem, obrigado. Por favor, pra mó de dá um pá já de manhã, me vê um cafezinho; seu...
- Alberto.
- Alberto! Um cafezinho, Alberto!
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