Já confirmei com minha mamãe que vamos ver juntos aquela comédia romântica "300", que saiu no cinema a pouco tempo. A idéia foi dela.
Assisti com ela também "Sin City". Foi uma ótima companhia. Nada como rir junto com sua mãe vendo o Elijah Wood sendo esquartejado e depois almoçado vivo por cãezinhos famintos.
No entanto, se há algo de realidade no filme, ela é a pior das companhias. Vendo "Ray" junto com ela, parecia que ela ia ter um troço quando Ray Charles enfiava uma agulha no braço.
A diferença seria que, enquanto o primeiro filme é uma total fantasia, o segundo seria "realidade".
"300" se encaixa na categoria total fantasia. Apesar da batalha histórica entre espartanos e peras er acontecido e os persas terem uma vantagem absurda sobre os gregos, que mesmo assim deram um belo show, a "história como aconteceu" não tem nada a ver com "300".
Primeiro, o único historiador que "documentou" a batalha era um bardo (Heródoto) que ganhava a vida contando histórias e as tornando mais fabulosas. Sendo grego e querendo agradar gregos, ele trata os espartanos como semideuses e os persas como não-gente. Para os gregos, qualquer não-grego era menos que humano.
Segundo, porque arqueólogos e estudiosos de fontes do lado persa acreditam que a batalha real não envolveu 300 gregos, mas sim 7.000. Os "300" seriam apenas os senhores dos 7.000 escravos, e estes sim ralaram contra os invasores. O exército persa era pelo menos 5 vezes maior, mas ainda assim falar de "300" ao invés de "7000" envolve um pouco de fantasia.
Vamos ao que espero do filme. Toda a crítica que vi sobre o filme esculachou-o. Menos a crítica que eu respeito: a revista SET. Para eles o filme é bom. Talvez não um clássico atemporal, mas deve ser visto por qualquer cinéfilo que se preze.
O elenco é um ponto forte. Rodrigo Santoro merece nosso apoio depois de "Abril Despedaçado". Gerald Butler é um ator muito divertido, o vi em "Querido Frankie" e mesmo no papel de "pai postiço perfeito" ele é divertido e fodão. Lena Headley é uma mulher maravilhosa e dá um baile sempre que aparece como "personagem feminina com responsabilidades de primeira grandeza".
Mas o que espero mesmo é que este filme seja uma revolução no cinema. Um filme que não enrola nas besteiras que o "politicamente correto" exige. Que seja um filme que dê ao telespectador exatamente aquilo que ele queria ver.
Filmes de ação são filmes de ação porque tem cenas de ação. Quem os assiste quer ver cenas muito loucas de ação, não miasmas de almas chuvosas. São filmes que preenchem uma função social específica, que ajudam a preencher algum vazio existencial nas pessoas. Minha mãe está cuidando de uma paciente sofrendo de Alzheimer que requer atenção 24 horas e sem agradecimentos no final do dia. Que motivo tenho eu para lhe negar que veja o Rodrigo Santoro seminu e Gerald Butler jantando no Inferno?!
Ninguém gostaria de admitir, mas todos temos vontade de enfiar uma espada ou bala na cabeça de quem não gostamos. Acho que são pessoas negadas a formas sadias de liberarem as emoções reprimidas que acabam aderindo a formas não-sadias. Os religiosos adorariam que apenas reprimíssemos nossos desejos secretos e pronto, mas como somos humanos as coisas não funcionam bem assim.
Espero que "300" seja portanto um filme que responda a algum desejo humano que faz parte do buraco de nossas almas, e que os xingamentos da crítica ao filme sejam apenas reflexo de como gostaríamos de que pudéssemos apenas não ter estes ditos desejos.
Muitos filmes tentaram, mas falharam neste preenchimento.
O primeiro é "Tróia". A set diz que "300" é o filme que "Tróia" queria ser quando crescesse. Também pudera. Quem foi ver Tróia esperava ver umas cenas de batalha bacanas. Ao invés disso, o que mais as pessoas se lembram é dos números absurdos de barcos gregos no horizonte de Tróia, e de como os cineastas transformaram 10 anos em 12 dias. "Tróia" paga caríssimo por querer ser "realista", sem magia ou deuses. Seu "realismo" faz um fime de merda.
Os telespectadores queriam ver no filme batalhas bacanas, e não batalhas que precisam sempre encontrar justificativas dúbias para acontecerem.
Um filme com batalhas boas é "Alexandre" de Oliver Stone. Nada tão surreal quanto a cena em que as falanges gregas encontram com elefantes indianos na selva. A batalha entre Alexandre e Dário também é notável, com uma trilha sonora que pontua a pulsação do exército inteiro em luta. Só que as batalhas magníficas de Alexandre pecam por terem sido marqueteadas como algo para um público hostil a elas. "Alexandre" é quase um filme de arte, e não um filme de luta para homens e mulheres tolhidas por seus pais e suas igrejas com dúvidas sobre suas sexualidades. A maioria dos telespectadores ficou chocada com Alexandre ser gay (pior que era mesmo, e como) e ficou cega para a magia do cinema que lhes foi presenteada.
Por fim eu lembro de mais um filme com uma cena de batalha memorável: Nárnia. Nasceu com o estigma de ser um caça-níqueis querendo fazer grana em cima do "Senhor dos Anéis". É um filme infantil e bobo, mas sua cena de batalha para mim deixa "Senhor dos Anéis" no chinelo.
Batalhas de mundos de fantasia não são para mim elfos "overpower" matando Olifantes sozinhos. Prefiro ver Centauros e Minotauros correndo em carga uns contra os outros, enquanto uma feroz batalha aérea entre corujas e morcegos ocorre nos céus.
E agora que venha "300". Que seja um filme honesto, que aponte seu dedo para o telespectador e diga "você quer sangue e porrada, seu maldito bárbaro sem cultura?! Então aqui está!"
Honestidade sempre faz bem.
Petrus.
PS: A Folha de São Paulo acusa o filme de ser propaganda anti-Irã. Imaginei que alguém diria iso mais cedo ou mais tarde.
Acho a acusação uma idiotice. O filme é só um filme. Os antagonistas do filme são Persas da antiguidade, não Shiitas Iranianos. Rodrigo Santoro não usa um turbante e nem pretende lançar "flechas nucleares" na grécia. Nenhum soldado estadunidense (nem suas mães) quer lutar na sombra das flechas inimigas nem jantar no inferno.
Se as coisas fossem sempre metáforas tão preto-e-brancas, uma pessoa chamada "Obama" não teria chance de se tornar o próximo presidente dos EUA.
Assisti com ela também "Sin City". Foi uma ótima companhia. Nada como rir junto com sua mãe vendo o Elijah Wood sendo esquartejado e depois almoçado vivo por cãezinhos famintos.
No entanto, se há algo de realidade no filme, ela é a pior das companhias. Vendo "Ray" junto com ela, parecia que ela ia ter um troço quando Ray Charles enfiava uma agulha no braço.
A diferença seria que, enquanto o primeiro filme é uma total fantasia, o segundo seria "realidade".
"300" se encaixa na categoria total fantasia. Apesar da batalha histórica entre espartanos e peras er acontecido e os persas terem uma vantagem absurda sobre os gregos, que mesmo assim deram um belo show, a "história como aconteceu" não tem nada a ver com "300".
Primeiro, o único historiador que "documentou" a batalha era um bardo (Heródoto) que ganhava a vida contando histórias e as tornando mais fabulosas. Sendo grego e querendo agradar gregos, ele trata os espartanos como semideuses e os persas como não-gente. Para os gregos, qualquer não-grego era menos que humano.
Segundo, porque arqueólogos e estudiosos de fontes do lado persa acreditam que a batalha real não envolveu 300 gregos, mas sim 7.000. Os "300" seriam apenas os senhores dos 7.000 escravos, e estes sim ralaram contra os invasores. O exército persa era pelo menos 5 vezes maior, mas ainda assim falar de "300" ao invés de "7000" envolve um pouco de fantasia.
Vamos ao que espero do filme. Toda a crítica que vi sobre o filme esculachou-o. Menos a crítica que eu respeito: a revista SET. Para eles o filme é bom. Talvez não um clássico atemporal, mas deve ser visto por qualquer cinéfilo que se preze.
O elenco é um ponto forte. Rodrigo Santoro merece nosso apoio depois de "Abril Despedaçado". Gerald Butler é um ator muito divertido, o vi em "Querido Frankie" e mesmo no papel de "pai postiço perfeito" ele é divertido e fodão. Lena Headley é uma mulher maravilhosa e dá um baile sempre que aparece como "personagem feminina com responsabilidades de primeira grandeza".
Mas o que espero mesmo é que este filme seja uma revolução no cinema. Um filme que não enrola nas besteiras que o "politicamente correto" exige. Que seja um filme que dê ao telespectador exatamente aquilo que ele queria ver.
Filmes de ação são filmes de ação porque tem cenas de ação. Quem os assiste quer ver cenas muito loucas de ação, não miasmas de almas chuvosas. São filmes que preenchem uma função social específica, que ajudam a preencher algum vazio existencial nas pessoas. Minha mãe está cuidando de uma paciente sofrendo de Alzheimer que requer atenção 24 horas e sem agradecimentos no final do dia. Que motivo tenho eu para lhe negar que veja o Rodrigo Santoro seminu e Gerald Butler jantando no Inferno?!
Ninguém gostaria de admitir, mas todos temos vontade de enfiar uma espada ou bala na cabeça de quem não gostamos. Acho que são pessoas negadas a formas sadias de liberarem as emoções reprimidas que acabam aderindo a formas não-sadias. Os religiosos adorariam que apenas reprimíssemos nossos desejos secretos e pronto, mas como somos humanos as coisas não funcionam bem assim.
Espero que "300" seja portanto um filme que responda a algum desejo humano que faz parte do buraco de nossas almas, e que os xingamentos da crítica ao filme sejam apenas reflexo de como gostaríamos de que pudéssemos apenas não ter estes ditos desejos.
Muitos filmes tentaram, mas falharam neste preenchimento.
O primeiro é "Tróia". A set diz que "300" é o filme que "Tróia" queria ser quando crescesse. Também pudera. Quem foi ver Tróia esperava ver umas cenas de batalha bacanas. Ao invés disso, o que mais as pessoas se lembram é dos números absurdos de barcos gregos no horizonte de Tróia, e de como os cineastas transformaram 10 anos em 12 dias. "Tróia" paga caríssimo por querer ser "realista", sem magia ou deuses. Seu "realismo" faz um fime de merda.
Os telespectadores queriam ver no filme batalhas bacanas, e não batalhas que precisam sempre encontrar justificativas dúbias para acontecerem.
Um filme com batalhas boas é "Alexandre" de Oliver Stone. Nada tão surreal quanto a cena em que as falanges gregas encontram com elefantes indianos na selva. A batalha entre Alexandre e Dário também é notável, com uma trilha sonora que pontua a pulsação do exército inteiro em luta. Só que as batalhas magníficas de Alexandre pecam por terem sido marqueteadas como algo para um público hostil a elas. "Alexandre" é quase um filme de arte, e não um filme de luta para homens e mulheres tolhidas por seus pais e suas igrejas com dúvidas sobre suas sexualidades. A maioria dos telespectadores ficou chocada com Alexandre ser gay (pior que era mesmo, e como) e ficou cega para a magia do cinema que lhes foi presenteada.
Por fim eu lembro de mais um filme com uma cena de batalha memorável: Nárnia. Nasceu com o estigma de ser um caça-níqueis querendo fazer grana em cima do "Senhor dos Anéis". É um filme infantil e bobo, mas sua cena de batalha para mim deixa "Senhor dos Anéis" no chinelo.
Batalhas de mundos de fantasia não são para mim elfos "overpower" matando Olifantes sozinhos. Prefiro ver Centauros e Minotauros correndo em carga uns contra os outros, enquanto uma feroz batalha aérea entre corujas e morcegos ocorre nos céus.
E agora que venha "300". Que seja um filme honesto, que aponte seu dedo para o telespectador e diga "você quer sangue e porrada, seu maldito bárbaro sem cultura?! Então aqui está!"
Honestidade sempre faz bem.
Petrus.
PS: A Folha de São Paulo acusa o filme de ser propaganda anti-Irã. Imaginei que alguém diria iso mais cedo ou mais tarde.
Acho a acusação uma idiotice. O filme é só um filme. Os antagonistas do filme são Persas da antiguidade, não Shiitas Iranianos. Rodrigo Santoro não usa um turbante e nem pretende lançar "flechas nucleares" na grécia. Nenhum soldado estadunidense (nem suas mães) quer lutar na sombra das flechas inimigas nem jantar no inferno.
Se as coisas fossem sempre metáforas tão preto-e-brancas, uma pessoa chamada "Obama" não teria chance de se tornar o próximo presidente dos EUA.
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2 comentários:
Interessante insight sobre essa necessidade humana... bem interessante.
E macacos me mordam se a citação "você quer sangue e porrada, seu maldito bárbaro sem cultura?! Então aqui está!" não estiver no próprio script do filme. heheh
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