Li hoje na excelente revista "The Economist" sobre o impacto do aquecimento global em uma das mais questionáveis atividades humanas: a caça de focas! Economist de 7/4/2007, p. 34.
Sabem aqueles vídeos grotescos de batedores de focas (seal clubbers) que descem a lenha (literalmente) em foquinhas, que sangram e deixam a neve vermelha enquanto suas peles são arrancadas de seus corpos para darem lucros capitalistas a seus assassinos? Pois é, são estes os novos ativistas que se unem à luta contra o efeito estufa.
O que acontece? É que a temporada de caça à foca foi recentemente aberta no Canadá (país onde a caça à foca é considerada uma tradição nacional) e os batedores de foca descobriram que chegaram tarde demais às geleiras onde suas presas moram. As geleiras favoritas dos caçadores que usavam o chamado "hakapik" (uma mistura de clava, martelo e picareta) para baterem nas foquinhas derreteram, e as foquinhas foram mortas não por porradas em suas cabeças, mas sim por afogamento nas águas geladas (as foquinhas mais novas, que não sabiam nadar e ficavam no gelo sólido, morreram quando este gelo sólido ficou líquido).
Este desastre significa que os caçadores de focas de se deram bem foram só os do norte. Estes preferem, devido ao maior frio da região, matar as focas com rifles. Isso leva, segundo a Economist, a uma falta de conformação por parte dos ativistas ecológicos, que descolavam uma grana e uma boa reputação com os vídeos de focas sendo mortas a pauladas. Focas mortas com rifles geram menos revolta na população em geral, diminuindo o apelo destes vídeos por aí.
E para dar alguns detalhes importantes nesta salada de interesses cada vez mais escusos, aqui estão alguns dados sobre o lado legal e estatístico da morte de focas:
Fazem 20 anos que é ilegal no Canadá matar foquinhas muito novas, daquelas com pelo ainda branco. Os honrosos canadenses, que respeitam mais a lei que as focas, cumprem a lei nestes 20 anos, o que levou a população de focas no mundo a triplicar desde os anos 1970. As focas não estão em extinção. Além disso tudo, para uma foca, uma paulada bem dada em sua cabeça significa morte rápida e relativamente indolor (as imagens posteriores continuam meio grotescas, porém, com todo aquele sangue). Imagino que deve realmente ser menos terrível para uma foquinha morrer com uma paulada do que por afogamento.
Enfim, tenham os batedores de focas uma profissão questionável ou não, o problema do aquecimento global é real e precisa-se fazer algo sobre ele no mundo todo.
Petrus.
PS: certas pesquisas dizem que o Brasil é o país onde há mais preocupação sobre o aquecimento global no mundo. Acho que realmente deve ser verdade. Que pena que os EUA estão lá embaixo na lista, junto com Índia. Melhor seria que as posições se invertessem, Índia e EUA tem mais cacife para lidar com a questão do que nós.
segunda-feira, 9 de abril de 2007
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Um comentário:
O interessante é que essa aparente contradição mostra que todo mundo MESMO vai se ferrar se não houver ações imdeiatas.
PS: coitadas das foquinhas!
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