Hoje assisti a dois filmes cujo pano de fundo é a Índia. Um foi "Gandhi", o outro "Nascidos em Bordéis".
Sobre Gandhi, não há muito de novo a se dizer que já não tenha sido dito antes. O filme é excelente, como há muito já sabia visto os inúmeros louvores a Ben Kingsley no papel-título. Este britânico até foi se bronzear na Índia para ficar com um bronzeado genuinamente de Gandhi!
Este filme deveria ser assistido no Irã e no Iraque, visto que claramente contrapões duas formas de se lutar contra opressores capitalistas. Uma é a de Gandhi, a não-cooperação pacífica. A outra é a dos críticos de Gandhi que querem também a independência Indiana, o terrorismo. Nos dias de hoje, acho esta discussão sobre métodos de coerção do inimigo deveras interessante.
"Nascidos em Bordéis" faz o que "Edifício Master" não faz, uma denúncia inteligente de uma miséria alimentada não tanto por "porcos imperialistas", mas principalmente por toda uma rede social complexa. Mostra a luta de uma ocidental excessivamente corajosa que dá aulas de fotografia para um grupo de crianças que nasceram e vivem no distrito da Luz Vermelha de Calcutá. Dito lugar é cheio de corredores sujos, feios e entupidos com todo tipo de ameaça à saúde humana, habitados por dinastias de prostitutas e cafetões (há casos em que a avó era prostitua, a mãe também era e a filha está sendo treinada para ser). Uma favela Brasileira pelo menos teria melhor reputação.
O esforço da dita moça corajosa para dar uma vida melhor a estas crianças, que por sinal reconhecem muito bem que precisam cuidar de seus futuros se quiserem ter um, encontra todo tipo de obstáculo dentro da Índia, visto que nenhum indiano quer ter alguma coisa a ver com aquelas crianças. Os únicos que dão alguma pelota para esta situação são instituições ocidentais que fazem um belo esforço para encaminharem as crianças a algum lugar que possa lhes dar um futuro decente.
Este filme consegue encontrar humanidade em um ambiente desumano e ainda consegue discursar em favor do bem-estar de tal humanidade e de uma real mudança desta situação. Eu não teria muito respeito a este filme se ele simplesmente chegasse nos bordéis e contasse as "historinhas engraçadinhas" de quem nasceu e vive lá.
Petrus.
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
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