Hoje fui finalmente assistir a "O Homem Duplo", filme cujo título original é "A Scanner Darkly" (Uma Escaneada Sombria, seria uma tradução apropriada).
Quem me conhece sabe como eu estava entusiasmado para ver o filme. O Diretor é Richard Linklater, o mesmo de "Antes do Amanhecer", "Antes do Pôr-do-Sol" e "Waking Life". Tão interessado estava eu no filme que fiz questão de ler o livro, de Phillip K. Dick, em que se inspira o filme antes de o assistir.
Quando li o livro, não o achei tão grande coisa. Apesar de todas as questões que levantava, ele se fechava no final como um livro sobre os problemas do vício em drogas nos anos 60. Parecia ser uma redução muito grande no escopo dos assuntos tratados no livro.
Bem, meus caros, posso dizer pela minha experiência que o filme é melhor que o livro!
Se no livro o final "estragava" o começo, no filme Linklater consegue pegar basicamente o mesmo final e torná-lo uma experiência única, quase física. Não vou esquecer cedo como me senti, mental e fisicamente, assim que o filme acabou.
O diretor conseguiu fazer esta história bolada nos anos 60 adquirir contornos ligados à cena política dos dias de hoje, de paranóia, poluição e terrorismo. Aposto que muita gente que assistir o filme achará que é puramente uma "crítica ao sistema". Mas acho que Linklater nos dá um tapa na cara, doendo mais forte ainda para nossos conhecidos "inimigos do sistema". Na tela temos três ditos "inimigos do sistema", nos mostrando em seu comportamento, em suas manias de perseguição e conspiração, e em seus respectivos fins, que no final das contas somos todos nós , amigos e inimigos do "sistema", parte de tudo isso. E mais: entramos neste sistema conscientemente, voluntariamente.
Acho um sacrilégio que a Folha de SP tenha dado duas míseras estrelas ao filme. Ele merecia todas as quatro que a nota máxima do jornal oferece. Talvez seus editores não gostaram de ser chamados de "parte voluntária do sistema". Ou talvez tenham achado que era contra sua honra darem uma boa nota para um filme com Keanu Reeves e Winona Rider.
Mas estes dois são meros extras neste filme. Quem manda no pedaço aqui é Robert Downey Jr., no que para mim é o papel de sua carreira. Sim, ele está tão bom assim no filme. Mesmo sem ele, nosso turco favorito ainda perde para Woody Harrelson, genial como personagem cômico da trama e auxiliar da brilhante performance de Downey Jr.
Para completar, o estilo de desenho do filme ficou ótimo também, excedendo minhas expectativas. Linklater já disse em várias entrevistas como os desenhos do filme foram complicados para serem feitos, especialmente os do "traje misturador". Pois bem, o dito traje se mostrou exatamente o maior trunfo do desenho animado no filme. Magnífico.
Não perca este filme, leitor. Não perca. Se não puder vê-lo no cinema, vá atrás do DVD na primeira oportunidade, e então aproveite para levar junto "Waking Life".
Petrus.
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
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