quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

A Rainha (filme)

Acabo de assistir a "A Rainha". É um filme sobre a Rainha da Inglaterra que foca o episódio da Morte da Princesa Diana e como isto foi lidado por parte da família real inglesa.

O único motivo para se ver o filme é ver a atuação de Helen Mirren como a própria, ou pelo menos é o único motivo chamativo do filme. Sim, ela está ótima no filme, porém o personagem transcende a Rainha; o verdadeiro personagem aqui é o amálgama de toda a família real. Este personagem maior, este sim, está excelente.

É difícil não torcer para este grande personagem no filme. Depois de tê-lo visto, passei a detestar a princesa Diana e todos seus admiradores. Deus salve a Rainha!

Vendo o filme, descobri que Tony Blair se parece com Jerry Seinfeld, mas enfim, divago deveras. Na verdade, seu papel é instrumental no filme.

O filme mostra no fundo um duelo de valores típico de nosso tempo. De um lado, a Rainha: representa a nobreza, o senso do dever, o lado racional do ser humano. Do outro, Diana: representa as massas, o culto da personalidade, o lado emocional do ser humano.
Enquanto para a Rainha é importante, mesmo durante uma crise, manter as tradições da nobreza e se fazer o que sempre se mandou a uma rainha fazer, para as massas que veneram a princesa Diana é necessário expressar emoção, chorar a dor, homenagear hiperbolicamente a ídola com barragens e mais barragens de flores.
Para a Rainha, o mastro com a bandeira no palácio de Buckingham é um símbolo da praticidade e da honra, e não se deve colocar estendida lá a bandeira a meio-pau porque ela não é um símbolo do pesar do país, mas sim um utensílio quase militar de diplomacia. Para as massas, a bandeira deveria ser colocada a meio-pau em homenagem à Diana, não se importando as regras diplomáticas quanto a tal bandeira.
Um lado sempre é cego quanto às motivações do outro. A Rainha não entende porque as massas pedem que se utilize uma bandeira para uma função que não é a da tradição. As massas xingam a Rainha por ela não demonstrar compaixão ao não erguer a bandeira a meio-pau.
Em uma comparação extremamente dicotômica e surreal, a família real aqui é Churchill (o enfezado primeiro-ministro que adorava a tradição e o imperialismo) e Diana morta é Hitler (o homem que levava com seus discursos emocionados as massas a fazerem atos praticamente irracionais).

Petrus.

PS: Fãs da Diana, não reclamem de minha comparação dela com Hitler! Já falei que é extremada, e é só a título de mostrar a dicotomia! Além disto, o filho dela já foi a festas à fantasia vestido como ele!

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