quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Diogo Mainardi e a Hanna-Barbera

Li hoje um artigo de um escritor que ainda não tinha lido. E a partir de hoje, acho que encontrei um escritor do qual preciso ler mais obras: o famoso Diogo Mainardi, o Führer do Brasil.

Li a sua coluna na veja de 31/1/2007, a que tem na capa uma matéria sobre como os Brasileiros não confiam em seus políticos.
A coluna falava sobre a felicidade que seu autor sentiu quando soube da morte de Joseph Barbera, co-fundador da Hanna-Barbera, e Iwao Takamoto, criador do Scooby-Doo.
A Hanna-Barbera criou diversos desenhos clássicos, como o Zé Colméia, os Flintstones, e mais tarde o Cartoon Network e o Adult Swim.
Para facilitar, coloco imagens escaneadas do artigo neste link e neste outro link.

Lendo o artigo, não posso deixar de simplesmente achar este cara um tremendo fanfarrão.
Não sou um defensor da Hanna-Barbera, apesar de achar que eles fizeram mais bem do que mal para a humanidade. Os responsáveis pela versão dos anos 80 de Tom e Jerry foram muito mais malignos. De qualquer forma, se Diogo Mainardi quer xingar a Hanna-Barbera, sem problemas.

Até aí, tudo bem. O lado cômico aparece quando Mainardi escreve coisas como "nada representa com tanta clareza o barateamento intelectual do nosso tempo quanto os desenhos animados de Hanna-Barbera". Mais, diz ele que "os pioneiros de Hanna-Barbera acabam de morrer, mas nossa época está irremediavelmente perdida".
Dramático, não?
Quer dizer então que quando a equipe de produção da Hanna-Barbera decidiu cortar custos e assim possibilitar a sobrevivência da empresa, a humanidade se viu destinada ao fracasso? Faz muito sentido. Afinal, aqueles desenhos da Disney e da MGM que tem custos mais altos obviamente eram muuuuuito mais perspicazes do que os da Hanna-Barbera. Suponho que estes sim representavam uma obra de arte autêntica, visando não o lucro mas a grandeza humana. E a grandeza roedora, também.

Acho que o Diogo Mainardi vem passado muito tempo no bar. Artigos como este parecem aquelas coisas que você fala bêbado e fazem total sentido no seu estado ébrio.

Agora vou parar de escrever. Tenho que chegar no meu abrigo nuclear antes que comece a passar "Harvey, o Advogado".

Petrus.

PS: Eu assisto um filme em que a Nona Sinfonia é transformada em Rap e depois me vem o cara dizer que a Hanna-Barbera é que representa o nosso barateamento intelectual?!

2 comentários:

Jussara disse...

Ontem eu li o artigo do Mainardi e surpreendi-me: efetivamente ser culto não traduz ser sábio. Definitivamente o Diogo é culto. Sábio, ele nunca será.
Sobra-lhe arrogância. “Cada um escolhe seu próprio inimigo. O meu morreu no mês passado, aos 95 anos. Era Joseph Barbera, um dos fundadores dos estúdios Hanna-Barbera.”. Nossa! Que tintas fortes e não são circunstânciais. A maioria dos artigos dele têm acentos contudentes gratuitos e fúteis. Eleger o Barbera como inimigo é demais, ainda depois que ele desfia o motivo. Barbaridade! Ter barateado o custo da produção dos filmes é a única razão!

E daí? Continuei a leitura pois a cultura armazenada por este colunista deveria propiciar a análise dos enredos dos desenhos, o qual é o principal para o público que assitia - custos de produção, ou de qualquer outra coisa não é parâmetro infantil ou mesmo pelos pais dos infantos (caso haja controle familiar). E minha surpresa… nada escrito. As relações trabalistas, familiares, feministas dos Flintstones. A abordagem de trabalho em equipe e valores de companheirismo de Herculóides, Brasinhas, Shazam (para citar os que eu assitia). A visão de invasão tecnológica na vida cotidiana dos The Jetsons, antecipando em 40 anos o mundo atual. Ou seja: basear a inimizade e ódio mortal devido a movimento de bonecos é o ápice da visão estreita!

Mais a frente Diego Mainardi justifica a visão estreita: “Muitas de minhas falhas intelectuais e de personalidade podem ser imputadas a eles. De nada adiantou ler Montaigne mais tarde. No deserto mental provocado por Frankenstein Júnior, pelos Irmãos Rocha e pela Formiga Atômica, Montaigne simplesmente não frutifica.”. Está aí! A rede neural do indivíduo é um kitnet de neurônios. E o pior: não se renova e nem reaprende caminhos como em todos os seres vivos providos de tal rede.

A obra depende da platéia. Para platéia surda, do que adianta efeitos sonoros? Para cegos, efeitos visuais são desnecessários. Produções de baixo custo nunca foram motivos para desmerecimento de trabalhos artísticos. Para dizer que uma obra não tem valor, outros parâmetros são considerados. Ainda bem! Parabéns a Hanna-Barbera pela obra!

Outro aspecto: uma obra é avaliada dentro do contexto de seu tempo. Razões de barateamento normalmente estão ligadas a crise mercadológica.

Petrus Ebrium disse...

Valeu pelo comentário, Jussara!

Eu acho que o segmento do Adult Swim é um testamento de coisas boas que a Hannah Barbera faz. Ela é dona do Cartoon Network e produz o desenho auto-satírico "Harvey, o Advogado", que consegue retratar nmuito bem as loucuras de nosso tempo, e das pessoas de nosso tempo.

Escreva mais quando passar por aqui!

Petrus.