O filme trata de um nobre Lobby-ista. Um bravo representante da indústria do tabaco, um exemplo brilhante para todos os guerreiros que lutam por empresas cujos próprios consumidores abandonaram-nas à crítica, como a indústria do cigarro, do álcool, dos fabricantes de minas terrestres e dos escalpeladores de foquinhas bebês.
Obviamente que esta comédia de humor negro poderia tomar um rumo mais próximo a "O Senhor das Armas" e apostar que vamos rir das artimanhas dos negócios sujos da indústria em destaque (naquele, o tráfico de armas; aqui, o cigarro) e da falta de ética de seus operários. No entanto, este filme faz algo mais parecido com "Hooligans" e coloca de lado a dicotomia.
Nosso protagonista, Nick naylor (Aaron Eckhart no que deve ser o papel que lhe abrirá portas a outros filmes como protagonista) , pode trabalhar em uma empresa por motivos escusáveis apenas com o que ele chama de "Defesa de Nuremberg":
"Eu só queria pagar as contas".Mas é difícil para nos, espectadores do filme, o odiar por completo, ou sequer um pouquinho. Sim, ele pode ter em seu currículo várias mortes de pessoas que fumaram por causa dele, mas por outro lado o ser humano Nick tem também seus méritos:
- Ele é um profissional excelente. Ponto.
Na primeira cena do filme, em que ele está em show no estilo de "Oprah" onde vai ser malhado por um garoto com câncer e pelo intelectual que levou a criancinha ao programa, Nick consegue com umas três ou quatro frases colocar o garoto do seu lado e o intelectual como um vilão matador de criancinhas. Sim, ele é tão bom assim. Fosse ele um personagem em um jogo de computador, ele seria o sacerdote de "Age of Empires", e o melhor deles.
- Não podemos odiar esse rapaz em um filme em que vemos as reais pessoas interessadas na queda da indústria do tabaco, as pessoas que ganham dinheiro com o choque das pessoas.
Do outro lado do campo de batalha, encontramos neste filme o exército do senador que quer ganhar votos dos anti-tabagistas por qualquer meio necessário, incluindo sequestro e coação de meninos com câncer.
Chegando pelos flancos, vemos cavalgando à batalha o exército da mídia, liderado por uma mocinha que topa uma prostituiçãozinha de boa se rolar algo publicável.
- Por fim, Nick é um excelente pai. Se todos os pais fossem como Nick, o mundo seria melhor e mais calmo.
Nick não quer seu filho morrendo de câncer de pulmão. Para que isso não ocorra, seu filho não está sendo educado a ser um "bom menino" que escuta "faça o que eu digo, não o que eu faço". Longe disso. Ele está sendo educado a escolher. Se ele quiser fumar, que fume, mas que não seja um hipócrita que "não sabe que faz mal". Convenhamos, isso não cola. Em outras palavras, seu pai lhe ensina algo que chamo de "bom senso".
Nietzche teria um dia feliz se por um acaso assistisse esse filme. Ele nos mostra que, no final das contas, não existe "bem e mal".
Existem palavras.
"Isso é uma besteira. Afinal de contas, estão em jogo dois critérios aqui: 1- Será que os EUA realmente possuem o melhor governo do mundo?! 2- O que exatamente classifica um governo como "o melhor"?! Natalidade? Segurança? Votos?!"A professora do filho de Nick pede a seu aluninho que escreva uma redação entitulada "porque os EUA possuem o melhor governo do mundo". Nick fala para seu filho pouco mais que o seguinte:
"A única conclusão que se pode chegar neste caso é que não há como saber realmente se nosso governo é ou não o melhor."
Muito mais tarde, no filme, o garoto entrega sua redação. E tal redação é tão simples e tão profunda que pode alterar sua forma de ver o mundo.
Se você possui a capacidade de respirar e falar em público, faria bem em assistir esse filme.
Petrus.
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