sábado, 24 de março de 2007

Volver (Filme)

Vamos em frente, fazer algumas pessoas me odiarem...



Assisti a Volver agora a pouco, filme de Pedro Almodóvar, a Fernanda Montenegro da Espanha. A Brasileira é uma excelente atriz, mas faz sempre basicamente o mesmo papel. A da Espanha ("A" é um artigo que cabe a este meu xará mais do que "O", e para ele isto é um elogio) é um(a) bom(a) diretor(a), mas faz sempre o mesmo filme.



O elenco tem Penélope Cruz e Carmen Maura, ambas mulheres que deslancharam em filmes do(a) Pedro. Carmen Maura não deslanchou exatamente, mas Penélope sim, graças a suas sábias decisões (em filmes, silicone e bom senso sobre a moda).

Como SEMPRE, as mulheres do filme são angelicais e tão bondosas que fazem do homem-aranha um porco capitalista. Já quem tem um pênis obviamente descende de satã. A única salvação para a alma de um homem em um filme de Almodóvar é que ele não use o que seu gene XY lhe deu e/ou finja que na verdade tem XX.

Resumindo, se você viu "Tudo sobre minha mãe" não precisa ver "Volver". E vice-versa.



O detalhe do Almodóvar é que ele ocupa um espaço no panteão dos filmes Cult similar ao de Kubrick. Ele é uma marca, mais que um diretor. As pessoas que querem ser tidas por cinéfilas começam a se dizer cinéfilas citando que gostam de Almodóvar e Kubrick. Como o espanhol ainda está vivo, acho que ele vai adubar mais futuros "cinéfilos" que Kubrick.

O problema é que os jovens cinéfilos que só viram Almodóvar (e dizem que adoraram e que ele é o rei da cocada preta/branca) nem sabem quem é Richard Linklater e empinam o nariz se ouvem falar de "Conan, o Bárbaro".

De certa forma, minha relação com estes cinéfilos é que quando me deparo com eles me encho da esperança que com eles eu possa falar das coisas do nível "hard", mas depois me desaponto quando vejo que eles estão jogando ainda no nível "easy" e que não me dá mais barato. Mais interessante nesses casos é trocar o cartucho do jogo.



Enfim, não fique desencorajado para ver este e outros filmes de Almodóvar. Só recomendo que o acompanhe com algum outro. Talvez um dos que recomendo aqui.



Petrus.





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2 comentários:

Anônimo disse...

Não tive essa visão do filme. O roteiro destaca sim a força e a cumplicidade femininas, a beleza deste universo, mas não penso que desqualificou os homens, enquanto gênero. Conheço pouco do Almodovar, mas gostei do roteiro, das atrizes, do descompromisso com o happy end.

Tb gostei de "Fale com ela". Um filme bem diferente de Volver, não?

Hoje em dia, acho que ficou cult falar mal do Almodovar (não me refiro a vc, mas percebo isso, depois que ele se "popularizou").

Petrus Ebrium disse...

Não imaginava que tinha virado "cult", detestar o Almodóvar. Achei que era o contrário, que era cult gostar dele. Entre o detestar e o adorar, estou mais pro lado do adorar. Os antigos filmes dele eram bons, os atuais que são meio reciclados.

Fale com ela realmente é diferente de Volver. "Tudo sobre minha mãe" é, por outro lado, muito parecido.

Mas tenho de discordar veementemente da idéia de que o Almodóvar não desqualifica os homens (quer dizer, os que são representados como heterossexuais de voz grossa). Em "Fale com ela", o homem pouco afeminado é bidimensional, o com voz fina e claramente meio afetado é explorado tridimensinalmente.

Em "Volver", o marido de Penélope Cruz só aparece vivo em uma cena. Nesta cena ele está perante a TV, com dúzias de latas de cerveja vazias jogadas e amssadas, a primeira ação dele é secar a região genital da própria filha, e suas falas no filme se resumem a basicamente "fui demitido hoje" e "pára de fazer drama e não enche o saco que quero assistir o futebol".
Enfim, um pires, "O" Pires.

Petrus.